sábado, 28 de agosto de 2010

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS E PROFESSORES

Existem outras formas de conceber o conhecimento, mas dentro deste espaço limitado, iremos nos preocupar com apenas duas: a concepção tradicional e
a concepção democrática.
A CONCEPÇÃO TRADICIONAL DO CONHECIMENTO

Na concepção tradicional, o conhecimento é visto como sendo inerente ao objeto a ser conhecido. Conhecer é desvendar, neste objeto do conhecimento, a verdade nele presente.
Nesta concepção, o conhecimento não muda a menos que o objeto do conhecimento mude. Como o objeto do conhecimento raramente muda, o conhecimento dele também pouco muda.
Não é fácil perceber o quanto a escola difere das outras experiências vividas nas áreas populares.
Tanta estranheza cria a necessidade de aceitação,
de ajuda, de paciência.
Aliás, qual é o professor da EJA que nunca recebeu agradecimentos pela sua paciência.
É fácil perceber como a relação professor(a)-aluno(a) é de fundamental importância para o sucesso na educação de jovens e adultos.
Educação para a submissão

A escola, na visão tradicional, perde uma excelente oportunidade de ser um espaço onde todos, democraticamente, exercitem o seu direito de atuar como sujeitos. Sujeitos, diante dos conhecimentos, das outras pessoas e da natureza.
Para os alunos jovens e adultos pesa ainda a desvalorização dos conhecimentos que construíram ao longo da vida. Na escola, o saber medir da costureira desaparece, a forma de calcular dos pedreiros é considerada imprecisa, o jeito de falar do povo é visto como cheio de erros gramaticais..

A CONCEPÇÃO DEMOCRÁTICA DO CONHECIMENTO

Os seres que não são vivos submetem-se integralmente às leis da natureza, especialmente à física e à química, sem nenhuma possibilidade de intervir no seu destino.
Esta capacidade é o que podemos chamar de Conhecimento.
Um bom exemplo dessa capacidade é o movimento que faz a planta ao voltar as suas folhas para a luz do sol.
Essencialmente, o conhecimento desempenha em todos os seres vivos as mesmas funções: “perceber” o ambiente, identificar e selecionar ou construir alternativas para responder aos desafios.

A CONSTRUÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES MENTAIS

Ao defrontar-se com o mundo, as pessoas vão construindo mentalmente uma imagem codificada dos aspectos da realidade com que estão lidando. Não se trata da própria realidade mas de uma representação dela.
Desta imagem ou idéia fazem parte as características da realidade que lhe são
significativas por infinitas e variadas razões. Fazem parte dela também as
múltiplas relações que sua inteligência e sensibilidade foram capazes de fazer
sobre esta realidade, inclusive as lembranças e experiências pessoais
provocadas por ela. Esta imagem ou idéia é que constitui o que podemos
chamar de conhecimento.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA CONCEPÇÃO DEMOCRÁTICA

A finalidade do conhecimento

A produção do conhecimento

A necessidade e o pensar são vitais na produção de conhecimento
A necessidade de conhecer e a sala de aula


Não é difícil perceber que a partir destas questões chegamos de forma natural a muitos dos conteúdos considerados escolares e que, de fato, se constituem como elementos importantes para solucionar as questões da vida diária.
Refletir é a forma mais eficiente de produzir conhecimento porque acelera o relacionamento das idéias e conseqüentemente a descoberta de saídas para enfrentar os problemas

A reflexão, o conhecimento e os alunos da EJA.

Comentar o que está sendo aprendido, tomar posição diante de um fato
ocorrido e contribuir na sua própria avaliação são situações que certamente
contribuirão para o crescimento desses alunos.
Ninguém aprende sozinho

A ação-reflexão que produz conhecimentos é capaz de mudar o Mundo e a nós mesmos. Todos nós vivenciamos esta experiência segundo nossos
valores, aspirações e de acordo com nossas experiências anteriores. Esta vivência pessoal pode ser comunicada mas não pode ser transferida aos outros. Vivência não se transfere.
O mesmo se dá com matemática, alfabetização ou qualquer outro
conhecimento. Comunicar o que eu sei sobre como se lê ou escreve não
tornará ninguém alfabetizado. É preciso que este alguém passe pela
experiência de agir-pensar que constrói o conhecimento.
Estamos tentando convencer você de que, para exercer qualquer ação que não seja apenas reflexa é preciso estar sustentado por uma teoria. Não existe prática sem teoria.. A função da teoria é exatamente esta: sustentar a prática.

Só mudamos a prática que temos quando mudamos
a teoria que sustenta esta prática.
Como a ação voluntária e consciente que estamos chamando de prática é sustentada pelas teorias que temos, decorre que só mudamos esta prática quando alteramos a teoria sobre a qual sustentamos esta prática. Vale dizer que a simples memorização de formulações teóricas não altera em nada a prática.
Para que exista alguma mudança nela é preciso que a teoria estudada se componha com as teorias que já temos, produzindo uma nova síntese. Esta síntese passará a sustentar a nova prática. Sendo diferente, produzirá uma prática diferente.
“Faça o que eu falo e não faça o que eu faço”


Esta frase bastante cínica certamente já foi ouvida por você. Ela demonstra que as pessoas podem falar uma coisa e fazer outra. Isto ocorre porque quando falamos ou escrevemos estamos basicamente interessados em agradar, convencer quem nos ouve ou lê. Estamos orientados pelas reações do nosso interlocutor. Não estamos obrigados a dizer exatamente o que pensamos se isso for desfavorável aos nossos objetivos. Na maior parte das vezes, tendemos a dizer o que o nosso interlocutor quer ouvir. Já existiram filósofos e psicanalistas que afirmaram que as palavras são feitas para esconder o que pensamos.
O mesmo não ocorre com as teorias que temos. Salvo casos muito especiais, tendemos a fazer o que consideramos melhor para a ação que pretendemos.
Um exemplo simples da interação teoria e prática


Para ilustrar o mecanismo da interação entre a teoria e a prática bem como as formas de alterá-las vejamos um exemplo hipotético, com a única finalidade de tornar mais claro o que estamos dizendo.
Imagine que alguém tenha recebido a função de varrer uma sala sem nunca ter varrido nada antes. Caso este alguém não faça a menor idéia do que seja varrer uma sala, será impossível cumprir a tarefa. Como já vimos, qualquer prática é sustentada pela teoria que se tenha sobre ela. Quem não tem a mínima idéia do que seja varrer obviamente não tem nenhuma teoria a respeito.
Pensar a prática pode levar os praticantes a mudar sua teoria e a
mudança teórica, quase sempre, implica em mudança da prática.
Na próxima vez, nosso herói escolherá uma vassoura com o
tamanho mais adequado.
Busque assuntos de interesse dos alunos

Seus alunos só aprenderão se quiserem aprender. Especialmente porque aprender custa esforço e ninguém fará esforço a troco de nada. Os velhos “truques”, muito usados anteriormente, de ameaçar com notas baixas e
reprovação não funcionam na EJA. Jovens e adultos não se intimidam facilmente. Eles só irão empenhar-se em aprender os assuntos sobre os quais tenham interesse.

Amplie o horizonte de informações do aluno

As pessoas usam as informações de que dispõem para pensar. Quanto mais informações seus alunos tiverem, melhor pensarão. Portanto, trate de conseguir ampliar as informações deles.
Aproveite a solidariedade existente
para implementar o conhecimento

A solidariedade costuma ser uma virtude bastante comum no meio popular.
Provavelmente porque é mais fácil enfrentar problemas com a ajuda dos outros do que disputando com eles. Aproveitando isto, estimule seus alunos a trocarem conhecimentos. Sugira que os que sabem ajudem os que ainda não sabem. Aprenderão os que não sabem e os que ensinam.
Sempre que possível, solicite trabalhos em grupo mesclando os que sabem mais com os que sabem menos.
Não desanime com as resistências que possam existir. Lembre-se que vivemos em uma sociedade extremamente competitiva em que as pessoas são compelidas a competir e não a colaborar. A escola deveria ser um espaço de
trégua dessa disputa individualista: ser um lugar onde se possa viver momentos de solidariedade.
A educação tem papel essencial no processo transformador, que depende de nova visão do homem, de sociedade e de mundo. Esse novo paradigma exige uma formação docente e discente que supere a visão linear e torne-se mais integradora, crítica e participativa; • Uma política pública de educação e as práticas pedagógicas precisam ter como eixo um projeto de sociedade, que corresponda a uma educação como meio de emancipação, de formação de sujeitos autônomos, críticos e criativos em suas relações sociais;
O processo de mudança e reconstrução da docência exige planejamento.

O OLHAR DO EDUCADOR